02 junho 2007

Tem coisa que é legal, tem coisa que é supe-legal.

Na verdade, nem sei direito o que falar sobre o presente.
Ela pegou alguns (dos muitos) momentos felizes da minha trajetória nos Anjos de Prata, e em silêncio fez "o" presente.
Claro que tenho fotos melhores, mais bonitas. Mas ela cuidadosamente colheu as imagens antigas, escaneadas ainda, e "aprontou" das suas, usando momentos mais do que marcantes. São momentos que vão desde o primeiro encontro dos anjos até o momento atual. São cenas que me alegram, me enchem de saudade e de gratidão. Afinal muita coisa mudou em minha vida, a partir da descoberta desse grupo tão especial.
O que Ela não sabe é que não homenageou só a mim, mas a todos os anjos que se mantém unidos até hoje e aos anjos novos que continuam chegando por essas nuvens prateadas.
Obrigada, Vera. Que falar mais? Que você é demais? É pouco, muito pouco.

Bom, o meu presente está no YouTube. Quem diria?
Quer ver? Olha o link aqui!

http://www.youtube.com/watch?v=73GDXGzZ4r0

PIPA


LUZ

BELEZA


22 novembro 2006

MINHA RECEITA


MINHA RECEITA
Vera Vilela

Será que você entende
Minha falta de letras
Meu jeito matuto
Meus gestos bruscos
Minha cara rubicunda
Minha voz de menina?

Será que você perdoa
As rimas brancas
As trovas tortas
Os sonetos mancos
As idéias confusas
As prosas esdrúxulas?

Será que você agüenta
Centenas de beijos
Abraços exagerados
Declarações infantis
Cochichos na orelha
Olhares apaixonados?

Cabeça atordoada
Coração disparado
Vida embaralhada
Futuro incerto
Mistura tudo
Acrescenta loucura
E leva pra casa!

22/11/2006 09:52h

04 abril 2006


A Saga de Catende

Capítulo Três - Cotidiano Agreste



O Oratório foi trocado por um quarto normal, dividido com as primas, não mais com santos enormes de olhos de vidro.

Construído sobre um barranco, o casarão de Catende tinha muitos aposentos nos seus altos e baixos, formado por duas partes unidas em uma escadaria. Na de cima ficavam os ateliês, onde as mulheres costuravam para a família e o sustento, com grandes máquinas de bordar em cairel.

Havia também uma enorme cozinha desativada e os chamados quartos dos mortos, trancados, com suas camas, colchões e fantasmas, onde ninguém podia entrar, visitados apenas pelo pó.

Mas o coração palpitante de tudo era a parte de baixo, ao redor do quarto de Dindinha dando para o enorme banheiro verde, com entrada também para a varanda. Nele, um imenso chuveiro de latão, verdadeira ducha caindo sobre um quadrado de tijolos, formava espécie de piscina tosca que as crianças adoravam. Os banhos eram sempre frios. No sertão de Catende fazia calor e o aquecimento se tornava luxo para doentes. Neste quarto de banhos havia uma privada normal, mas o banheiro auxiliar, ao lado da casa de cima, tinha apenas um buraco no chão, cercado por um estrado de madeira.

A menina Helena, acostumada com os confortáveris banheiros da Gávea, na Zona Sul do Rio, tinha pavor de usar este buraco, apontando para um poço interminável. Sorte que no casarão, como em todo interior nordestino, havia um urinol embaixo de todas as camas, usado nas necessidades noturnas e emergências. E também lindas escarradeiras de louça pintada.

Uma vez por semana, o avô Cordeiro, única pessoa a manifestar afeição pela neta, dava a ela dois tostões para comprar coisas na feira. Estas simples moedas eram seu maior tesouro, manifestação de sua individualidade, a possibilidade de algo verdadeiramente seu, não apenas herdado ou adquirido em lote para os agregados da família.

Na feira semanal, alem de alimentos, havia jóias rústicas de couro, artesanais, enfeites múltiplos e água de cheiro em grandes garrafas de vidro, que eram sua paixão. Com estes pequenos mimos sentia-se única, apesar dos vestidos simples, que foram substituindo as lindas roupas trazidas de casa, e das feias alpercatas pretas, iguais para todos. Por causa delas levara uma das reprimendas assustadoras de Dindinha ao acalcanhar a parte de trás que machucava o pé: “Na minha casa não entra mulher de chinelo!”

Nunca soube a razão da ojeriza da avó por eles. Talvez lembrasse um hábito das que viviam na rua proibida, onde ninguém da casa podia passear, personagens da escuridão e segredo das alcovas e dos cochichos infantis.
Talvez significasse para aquela sertaneja forte, um símbolo de preguiça e acomodação, o arrastar ritmado de pés pela casa. Dindinha detestava fraqueza.

A água de cheiro era usada nas poucas festas e as idas ao cinema – uma sala no centro da cidade com apenas a tela e o piano. Na cidade grande já havia cinema falado, mas no interior, ele era mudo, mudissimo, as cenas acompanhadas por um instrumentista que mal sabia batucar as teclas. Foi ele que protagonizou uma das histórias mais curiosas de suas lembranças infantis.

Era sexta-feira da Paixão e, no religioso interior nordestino, o filme tinha que ser sobre a vida de Cristo.

Todos levaram suas cadeiras e se acomodaram para assistir compungidos e excitados, às cenas piedosas. Estavam neste clima de emoção diante dos sofrimentos de Jesus quando, ao chegar à parte mais importante e dolorosa do filme, a cena em que o Cristo era colocado na cruz, o pianista, já sem repertório e confuso sobre o que tocar para combinar, atacou da carnavalesca:.

...o tatu subiu no pau, é mentira de ocê...

Foi um susto e depois gargalhada geral. Mas o pobre continuou contratado.


Não devia ser fácil arrumar outro naquele distante sertão.

26 março 2006


A Saga de Catende

Capitulo Dois – O começo e o fim do mundo


Para a menina criada na cidade, com obrigações, horários e pais cuidadosos, Catende foi a liberdade e o anonimato. Lá não era mais a Helena Augusta, tremendo só de ouvir o nome da alemã Madre Pelaguia ( pelava águias? O que não faria com as crianças? ) e que precisava tomar banho de camisola porque a visão do corpo nu era pecaminosa. Verbotten.

Em Catende as crianças iam juntas ao açude e não havia vigias de comportamento, exceto para as regras impostas por Dindinha aos moradores da casa. Uma delas era o ofício diário de alguma obrigação no serviço caseiro “ trabalho de criança é pouco, mas quem não aproveita é louco” dizia ela com, sua filosofia de interiorana criada na dureza.

De resto, era o se perder no anonimato, como mais um dos inúmeros netos, sobrinhos e afilhados que orbitavam o casarão. Ninguém vinha conferir, na enorme mesa de madeira das refeições, se comera o tanto para sobreviver, ou se engordara mais do que seria agradável ao olhar da mãe elegante. Era livre para bordejar pelos arredores da Usina e da cidade, sem peias ou cuidados.

Quando, finalmente, após restaurar a fortuna perdida, vieram busca-la, não conhecia mais aqueles dois estranhos bem-vestidos e carinhosos que tinham sido um dia seu pai e sua mãe.

Mas durante este tempo, aprendeu muito: sobre solidariedade sertaneja, dureza de caráter, trabalho constante, fartura e miséria, seca e chuvas abençoadas, a importância da água, ciúmes, fofocas e tudo que faz o caldeirão da vida no interior nordestino.

Tremeu com medo de Lampião que duas vezes avisou de sua passagem pela cidade – significando o terror, o saque, autoridades acovardadas e histórias apavorantes sobre estupros e maldades inconcebíveis. Por sorte, o cangaceiro desviou seu caminho para outras paragens e dele conheceu apenas as lendas.

Mas viu algo que jamais iria esquecer.

Semanalmente, Dindinha preparava alimentos para distribuir aos muitos pobres da região. Tudo era arrumado na mesa grande da sala e um dos moradores era designado para a tarefa de intermediário entre a caridade dela e os famintos. Eles faziam fila diante da porta, barrigudos, rodeados de filhos, alguns ainda dentro da barriga e, um por um, subiam a escada até a varanda, onde recebiam sua cota de laranjas, bananas, pão, etc.

Não era cargo disputado porque tarefa cansativa e tediosa ficar na porta da sala, distribuindo os alimentos. Mas havia dias em que se tornava ainda mais desagradável e até apavorante.

Estes novos desvalidos eram de uma classe assustadora e alimentá-los significava manter portas e janelas trancadas enquanto o encarregado da distribuição se limitava a colocar os alimentos fora do portão para que fossem apanhados.

Os temidos leprosos, ou morféticos, como eram ainda chamados em Catende.

No dia marcado, enquanto o povo se enclausurava, eles vinham pela estrada cobertos de andrajos, batendo a matraca para avisar da sua chegada, sabedores do nojo e horror que despertavam na população. Batiam um pau no outro – tlec ,tlec, tlec enquanto percorriam a cidade deserta recolhendo as doações.

Escondida, espiando pelas frestas, ela viu a imagem que lembrava os livros de catecismo do colégio. O grupo de infelizes doentes e miseráveis desfilando seu bloco infernal pela cidade sitiada pelo medo, ao som surdo dos seus tlecs, tlecs, tlecs anunciadores de que a vida não é bonita.

Mas Catende seria sempre isto – aprendizagem sobre o Bem e o Mal. Lição de contrastes.

13 março 2006

Saga do Catende - introdução

A Saga de Catende por Maria Helena Bandeira

Levados pelas mãos de Maria Helena Bandeira, chegaremos à Catende, no sertão pernambucano, juntos com Helena Augusta, uma menina de nove anos, criada em colégio de freiras no Rio de Janeiro.Lá conheceremos Dindinha, a terrível Don’Ana, mulher forte de coração generoso, que se tornará a verdadeira alma desta saga deliciosa, recheada de descobertas e experimentos que durante quase três anos assustaram e maravilharam nossa pequena heroína.

Ly Sabas

12 março 2006




A Saga de Catende

Capitulo Um - Novo mundo


Acostumada a ser mimada pelos pais na cidade grande do Rio de Janeiro, a menina de nove anos ainda incompletos, chegou assustada a Catende, no interior pernambucano, levada pelo avô, Seu Cordeiro, um homem alto e amável, de olhos verdes.

A casa do gerente da Usina era grande e ladeada por um jardim. Nela se abrigavam, fugidos das tempestades econômicas da vida, várias filhas com seus maridos e netos, além de tias solteironas e agregados. O lugar ideal para a garotinha cujo pai tivera que fugir dos credores, indo para São Paulo e emprestando os filhos numa diáspora cruel. Seu nome era murmurado em críticas veladas, mas não o suficiente para que não percebesse o veneno.

Pior foi conhecer a temível Don’Ana, que nunca aceitou ser chamada de avó. Para todos foi sempre Dindinha, mesmo quando nenhum batizado autorizasse este tratamento. Era uma mulher baixa mas forte, de olhos puxados e estreitos, muito azuis, com uma inteligência penetrante. As maçãs salientes, denunciando a ascendência holandesa, e a boca firme completavam o retrato desta mulher que governava a família e a casa com mão de ferro.

Dindinha não desperdiçava beijos nem afagos, era seca e cortante. Mas seu coração generoso permitiu que sempre houvesse mais um comendo e vivendo às expensas do marido. Brilhante, embora sem estudo, criou um método matemático para ganhar no jogo do bicho e não perdia nunca. Fazia também cruzamento de flores - cravos e cravinas - no jardim que era sua paixão. Usando salitre do Chile e métodos diversos, conseguia espécies diferentes, de pétalas lisas ou ásperas, de vários formatos .

Na falta de acomodações disponíveis, a menina foi designada para o quarto das rezas, onde ficava o oratório, lugar sempre presente nas casas nordestinas do interior. Ainda assustada, sem entender bem o que lhe acontecia, colocou numa cadeira a pequena mala com tudo que ainda tinha de seu no mundo e se preparou para descansar da desgastante jornada de trem pelo interior castigado e quente.

Uma cama de vento fora arrumada de improviso naquele lugar de oração e apesar dos seus desgostos e da estranheza do aposento, a infância venceu o medo e ela dormiu.

Acordou assustada com um apito estridente – era o anúncio da escuridão. Logo depois, a luz do gerador que iluminava a cidade foi cortada e um cheiro acre e desagradável veio da direção da Usina - nunca identificou porque, mas aquele cheiro desagradável foi o acompanhamento constante do apito e do corte da luz por todo tempo em que permaneceu na casa dos avós. Mais de dois anos.

E o pior veio depois. Apavorada com o súbito negrume, ergueu os olhos para o alto – a única coisa brilhante eram as pupilas de vidro dos enormes santos que olhavam todos para ela com malévola fixidez.

Passou o resto da noite acordada, vigiando seus companheiros de quarto. De manhã, mal os primeiro galos cantaram a alvorada, ouviu barulho no jardim. Levantou-se curiosa e caminhou em direção a ele. Ficou atônita com o que viu, mais apavorada do que nunca.

A menina criada no melhor colégio do Rio, de freiras alemãs e moralistas, viu a avó, a imponente Don’Ana, arrebanhar a saia rodada de sua bata comprida e, de pernas abertas, urinar, regando os canteiros de seu jardim predileto : chuaaaaaaa!!!!!!

Foi uma das primeiras e mais marcantes imagens de sua longa estadia no Paraíso e no Inferno particular em que se tornaria aquele casarão no distante sertão de Catende.

06 março 2006

NÍVER DA LEILOCA

É hoje...é pic.. é pic!
Ratimbum!!!!
Leilox Leilox Leilox!

Parabéns!


Um bolo especial...hihihihihihi

Tem um recadinho pra você lá no meu
bloquinho

Beijão
Verox

BOM DIA DO JOTA - 06/03/2006

Bom dia gente... com gente dentro!

Quando voltava, pela madrugada, o mesmo cenário de silêncio permanecia pela casa, como se não tivesse havido vida para aquelas pessoas.
Os problemas acumulavam-se à medida cresciam os papéis no cimo da secretária, e os olhos mortiços de constantes insónias não lhe permitiam o discernimento que a sua actividade exigia.
Já não conseguia falar. Só gritava. O seu pensamento recuava, frequentemente, aos anos da juventude, quando ainda estava a concluir a sua licenciatura numa universidade estrangeira, para onde os seus pais quiseram que ele fosse, prática comum nas famílias da época com mais poder económico. Lembrava-se desses anos e as lágrimas corriam precipitadas na sua face, tal a nostalgia que as memórias lhe causavam. Tinham sido os melhores anos da sua vida, sem a cegueira do dinheiro que há mais de vinte anos o destruíam como ser humano. Não suportava mais aquela situação e tomou de imediato uma decisão.
Tudo aconteceu num dia frio de Outono, em que as folhas das árvores cobriam com a sua cor castanha a estrada. E lá ao fundo, numa ravina, apareceu um corpo desfeito e um papel dobrado dentro do bolso de um casaco que ficara sobre uma rocha. Nele estava escrito: Tal como este papel a vida tem duas partes.

Tenham um excelente dia!
Façam o favor de ser felizes!
Beijos e abraços ao colectivo do
Jota

BOM DIA DO JOTA - 03/03/2006

Gosto de ser gostado.
Como gosto de gostar...
Na mesma intensidade, ritmo, cadência, ardência, prudência, frequência, querência, paciência.
Gosto de ser gostado, porque, como todos os seres da raça animal, gosto de carinho e estímulo.
De agrados e abraços. De olhares e gestos ímpares...
Gosto de ser gostado, porque gostar é sentimento nobre, frátrio, grato, sensato, legal, social, espiritual.
Íntimo ritual, de afagos na mente!...
Amor intelectual é comummente chamado, por falta de dialéctica real...
Mas soa bem aos ouvidos!...

Tenham um excelente dia!
Façam o favor de ser felizes!
Beijos e abraços ao colectivo do
Jota Vilela

02 fevereiro 2006

BRILHO NO OLHAR



Quero esse brilho no olhar
Esse sorriso em meu rosto
todas as horas, todos os dias
Hoje estou feliz
Meu coração disparou
Ficou zonzo
Se alegrou e pulou
Estou fazendo um favor
O favor de ser feliz!

Vera Vilela

31 janeiro 2006

BEIJA BEIJA-FLOR

(foto tirada por Géber Accioly na janela de seu apartamento)


BEIJA BEIJA-FLOR

O beija-flor chega ligeiro, dá uma volta no ar
Logo domina seu espaço, bate velozmente suas asas
Fazendo zumzum e até o gavião chega a espantar

De ninguém e nada tem medo, da vida só quer o mais doce
Vive a colher o seu néctar, nas casas, de presente
Sugando flores distribuindo cores, como se rei fosse

Aos nossos olhos se apresenta, como uma bela criatura
Nos dando beleza, fazendo malabarismos e sons mas,
Aos inimigos age, sempre com muita bravura
***
Vera Vilela